Relatos

A arte de sorrir

Um sorriso cativa, anima, motiva e cura, nem se for por instantes... Aprendi em um ano de projeto que sorrir não se resume aos dentes, é se envolver, uma forma de carinho que reflete nos olhos do receptor do gesto, e como reflete!

Pode ser que nosso dia não esteja tão bom, preocupações, estudos, mas basta entrar pela porta do hospital que nossas dificuldades diminuem, por meio de tudo que o nariz do palhaço representa.

Aprendi a valorizar mais minha saúde e a do meu próximo também, a querer tirar a dor com as próprias mãos, como não posso, resta-me sorrir, e como é bom... Observar aqueles olhares curiosos, que por vezes, estão esgotados de esperança e, em algum momento, sentir-me um pouco super herói.

Aprendi a acreditar em uma medicina mais humana, sensível e que podemos fazer diferente... Para começar, sorrir é um excelente remédio!

Adriana Mucio,
Três anos no Projeto.
A Gota

    Meus sábados já eram gloriosos, o Projeto já havia se instalado em mim e fazia da minha alegria um copo cheio de satisfação. A gota, porém, que me veio transbordar para sempre, surgiu inesperada e decisiva, deixando marcas irremovíveis na minha vida.
    
    O dia nos sorria, e nós sorríamos de volta para cada paciente pelas salas. Cantávamos sempre alegres e nem sempre certo, o que espalhava ainda mais alegria pelo hospital. Paulo nos guiava com seu violão e Denise com seus sorrisos. Passamos por todas as salas da clínica médica, provocado risos e muita festa, até a hora do jantar. Respeitando a sagrada hora da refeição, nos retiramos lentamente do hospital. Quando íamos pelo corredor principal, uma enfermeira nos veio correndo e dizendo que havíamos esquecido uma pessoa. Olhamo-nos, estranhando tal informação, afinal havíamos passado por todas as salas. A enfermeira então nos disse que na sala de isolamento respiratório um homem nos observou e se alegrou, esperando que entrássemos em seu quarto, o que não ocorreu. Acontece que para entrar no isolamento, necessitávamos de uma autorização médica, o que não demorou para conseguirmos. Podíamos entrar somente quatro e com máscaras. Entramos atentos e o moço logo se animou, sorriu e disse como se sentia sozinho naquele quarto pequeno. Ele era do interior e a família não podia acompanhar o tratamento. Não havia nada em seu quarto, nem televisão, nem livros, nem alegria. Somente uma cama e oxigênio. A única pessoa com quem teve contato naquela semana foi a enfermeira, que o dava medicações. Perguntamos se ele gostaria de ouvir alguma música, ele logo disse que havia uma que o remetia aos bons tempos de sua adolescência, por sorte Paulo a sabia. A primeira palavra da canção provocou uma comoção no rapaz de tamanha intensidade que ele rompeu em lágrimas e soluços. Não sabíamos o que fazer, apenas continuamos a canção. No fim, nos agradeceu efusivamente e disse o quanto era importante o que fazíamos. Eu, pouco tempo no projeto, percebi o valor que nossas visitas tinham para aquele hospital e nunca mais fui o mesmo.
Luciano Loyola,
Três anos no Projeto.

     Hoje como último dia de apresentação semestral me senti realizado. Após o início sem saber como atuaria no hospital(nem havia um nome para meu palhaço), tenho noção de como posso contribuir para trazer alegria ao paciente.É tão gratificante entrar em um quarto lúgubre, espalhando felicidade no rosto de quem pode estar com dor e que naquele instante o foco da atenção são suas ``palhacices`` . Minhas experiências mais marcantes foram na pediatria, aonde ficarei fixo nos próximos semestres. O riso de uma criança vale muito, sua interação com as dinâmicas, mesmo que seja com seu olhar curioso, fazem tudo valer a pena.
O projeto Começando Cedo, já tinha me chamado atenção logo na palestra. Mesmo sendo tímido, resolvi participar. Ao longo do semestre, foram os sábados meus momentos de maior alegria e de maior interação com o pessoal de outras turmas, que me acolheram muito bem.
Atualmente, como já relatei para várias pessoas, quando não há visitas no sábado, sinto-me sem chão, virou o horário de ser o palhaço Quincas.
Quando escutei pela primeira vez que o Começando Cedo era a joia da medicina, não percebi a importância dessa afirmação. Hoje a entendo. Um projeto que acolhe os calouros, os integra com outras turmas e o mais importante: garante a felicidade, não só aos pacientes, mas também aos palhacinhos que participam. Agradeço os coordenadores e todos que auxiliam por manterem o Começando Cedo.
Aguardando ansiosamente por mais ``palhacices`` no próximo semestre.

Marcos Vinicius,
Seis meses no Projeto.

 

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